segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

BRASIL RADAR

TensãoA semana foi tensa, e terminou assim, nos meios políticos. Não sepode dizer que vivemos uma grave crise política porque em se tratando deBrasil, já vimos muito pior. Mas esta vem no bojo da tentativa deenfrentamento Governo/Oposição na questão da aprovação da CPMF.O tema é de grande interesse do governo, e de parte da oposição,composta principalmente pelos governadores, que também dependem do imposto para obras. Mas boa parte da oposição, pensa que é hora de peitar o governo. Lula reagiu e começou a dar nome aos bois, criticandodiretamente o DEM, partido hoje chamado Democratas, mas que foi ARENA, PP,PFL. Sintomaticamente Lula não se referiu ao PSDB, aliado do DEM na maioria das coisas, mas cujos governadores podem ajudar na aprovação da CPMF.Se este tema por si só já esquentaria qualquer clima, a semana aindateve dois fatos complicadores. O primeiro é o passo dado no sentido deacabar de vez com o problema Renan Calheiros. O Senado lhe fará outrojulgamento, desta vez por denúncias de uso de “laranjas” na compra deemissoras de rádio em Alagoas. Os jornais noticiam que se ele renunciar àPresidência do Senado contará com a boa vontade dos colegas, que em troca não o condenariam. É esperar para ver.Outro complicador foi a denúncia corajosamente feita pelo ProcuradorGeral da República, do chamado Mensalão mineiro. São carreiras políticasque caem por terra com implicações tanto no campo da oposição como doGoverno. O governo perdeu seu articulador político, o ex-Ministro MaresGuia, bem no meio deste turbilhão da CPMF.Quanto à oposição, ainda não se sabe bem onde a coisa pode chegar. OPSDB tentou despistar. Azeredo, nosso ex-governador e principal liderançapolítica envolvida, sequer compareceu à convenção do partido, ficando nadireção nacional tão somente pelo seu cargo, senador. Muitos sequer tocaram no assunto, mas já se prevê mudanças no rumo das coisas. O PSDB, desde suafundação, tem um controle paulista, que vem sendo contestado. Tudo seguia bem, até que o grupo mineiro, principal opositor do paulista, foi alvejado pelo escândalo.Não foi à toa que a imprensa paulista já começou a cair em cima, tentandoligar o governador Aécio ao esquema, seja através de seu ex-vice-governador Clésio Andrade ou de seu Secretário, Danilo de Castro.Crise no PSDB, o Senado sem comando definitivo, e um grande problema para o governo: aprovar a CPMF. Dois caminhos: negociar e denunciar. Lulafará um pouco dos dois: negociará com senadores e grupos, como já o fez com relação ao PDT, atendendo sua reivindicação de mais verbas para aeducação. Também denunciará e pressionará, como fez com relação ao DEM e aoempresariado que quer o fim do imposto, taxando-os de sonegadores.Enfim , teremos um Dezembro de muitos lances e muitasjogadas.Esperamos que o “Tempo do Advento”, a espera pelo Salvador, seja agrande inspiração de todos. Copiou?A propaganda dos tucanos (nome fantasia do PSDB) na televisão,tentando mostrar o que Lula copiou do governo anterior, o tucano FernandoHenrique, deu certo, e que o que fez diferente , deu errado ou vai dar, éinteressante. Mostra, em primeiro lugar, que como sempre dissemos nesteespaço, um governo é a continuidade do outro, com poucas mudanças, apesar de já se passarem 5 anos. Mostra também que a oposição, no caso o PSDB, prepara um discurso de campanha e tenta marcar seu território. Um exemplo éo caso de contratação de funcionários públicos, que Lula defende, e o PSDB condena.Mas ficam ainda alguns pontos obscuros nesta peleja e o principaldeles é a questão da privatização. O PSDB defende ou condena?Quanto à questão ética, tudo caminha para um empate. O mensalãomineiro zerou o jogo. Vivemos o momento do intervalo onde os técnicos podem mudar o time ou a tática de jogo. Fotos Duas manchetes, lado a lado, nos jornais da semana passada, dão umaidéia da bandidagem que campeia e da impunidade que a engrossa. De um lado a notícia de que a policia descobriu que através de advogados e familiares, o mais importante traficante preso, Fernandinho Beira-Mar, comandava dedentro da cadeia todo o seu império de crime. Do outro lado, a noticia daprisão, por participar de quadrilhas que fraudavam licitações públicas, doPresidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Imagine só, umTribunal que supostamente existe para controlar as fraudes emadministrações públicas, envolvido com uma quadrilha que justamente tratava de fomentá-las. Dois grandes criminosos, em dois campos de atuação. Um filho dafavela, outro descendente da elite política, ambos criminosos por igual.

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