segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

BRASIL RADAR

BRASIL URGENTE
Eduardo Bortolotto Filho

Comemorando 2007...
Apesar do revés sofrido com a perda da arrecadação da CPMF, Lula não tem se mostrado abatido. Vai compensá-la de outra forma e tem muito a comemorar.Ele se diz absolutamente satisfeito com o desempenho de seu governo em2007, com o crescimento econômico que levou o país a bater recordes que vão da indústria, passam pela construção civil, comércio, telefonia celular eagricultura. Isso sem contar as importações, que significam em últimainstância investimentos fixos em sua grande maioria. Também o excepcional volume de investimos estrangeiros diretos, significando a confiança doempresariado internacional quanto aos rumos da economia. Lula conseguiu ainda fazer uma privatização vantajosa em termoscomparativos, no caso das concessões de rodovias federais, as quais saíramcom pedágios bem abaixo das até então existentes. Outro sucesso foi oleilão da telefonia celular que obteve ágio expressivo. A valorização da Bovespa, a Bolsa de Valores de São Paulo etermômetro nacional do mercado de ações, foi impressionante. Inúmerasempresas abriram seu capital, passando a financiar-se através do mercado de ações. Logicamente Lula não vai admitir, mas muitas de suas conquistas sãofrutos de vários governos, ou de pelo menos o último, de Fernando Henrique.Isso de maneira alguma lhe tira os méritos, antes os reforça, pela suacapacidade de condução do país. Preparando 2008... O ano que se inicia, se do ponto de vista da economia interna épromissor, o mesmo não se pode dizer da mundial. A ameaça que ainda paira sobre a economia americana pode provocar turbulências. O governo promete fazer realmente acontecer o tal PAC (Programa deAceleração do Crescimento) que até agora praticamente não saiu do papel,com promessa de geração de muitos empregos. Duas coisas perturbam o mercado: a primeira, o rombo que a falta daCPMF pode trazer aos cofres públicos, se nada for cortado, principalmenteem ano eleitoral onde as pressões são maiores. A segunda, por incrível quepareça, o aquecimento da economia, que poderia estar gerando inflação. Osíndices de dezembro estiveram bem acima do planejado pelo governo. Certamente foi pensando nesta situação que o governo editou ummini-pacote para cobrir a falta da CPMF. Dividiu, como era de se esperar, afatura: corta um pouco de despesas dos três poderes e aumenta um impostoque só atinge as operações financeiras, o IOF. E mais, aumenta a tributaçãosobre o ganho dos Bancos, campeões mundiais de lucratividade. Foi acusado de romper os acordos com a oposição e ela já chiou. Mas, pode justificar-se dizendo que tirou de quem muito ganha. Além do mais, o possível aumento depreços por conta do aumento tributário é irrisório. Além do mais, em termos de tributação, o brasileiro que paga impostotem muito a comemorar neste início de 2008. Além do fim da CPMF, que na verdade é paga por toda a população, o governo, numa atitude correta com aclasse média, reajustou a tabela de Imposto de Renda. Só o percentual deinflação, mas está muito bom. Nos tempos de Fernando Henrique nem isso era feito. De preocupante, apenas os cortes de investimentos por conta do fim daCPMF, principalmente em áreas como a saúde. Com um olho na inflação, outro “do outro lado do Atlântico” comodisse o Presidente, o governo inicia a luta pela aprovação do orçamento quesofreu atraso com a questão da CPMF. Em um ano eleitoral, que mais do que a eleição de prefeitos evereadores significa a eleição dos cabos eleitorais de 2010, o governoenfrenta um Senado onde não tem maioria. Se não quiser continuar na senda da compra de votos vai ter que negociar muito. Mas, mesa de negociação, como já se sabe, é o campo de atuaçãopredileto dos sindicalistas. E isso Lula não esqueceu.

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