terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

BRASIL URGENTE

BRASIL URGENTE
Eduardo Bortolotto Filho

Uma chance

Nada tem tirado o sono de muitos malandros de plantão na política nacional, a não ser uma possível união entre petistas e tucanos. Protegidosem seus ministérios e secretarias pela barganha de votos, vêem-seameaçados por uma aliança que seja política na sua origem, que se faça emtermos de propostas e programas de governo. Nem de longe se pretende isentar petistas e tucanos da vergonha quese tornou e se manteve a vida pública brasileira. Foram criminosos ouconiventes, e em muitos casos deram uma “mãozinha” para que ela piorasse umpouco mais, se é que isto é possível. Vaidades que se alimentam da falta deescrúpulos de aliados assumem para si o crime principal, na verdade sãoco-autores. Assim, emplumados tucanos de nariz arrebitado e longo, assumemcomo seus , crimes praticados por aqueles que os cercaram e poliram seuslongos narizes. Petistas de base, orgânicos em seu mais profundosignificado, assumem para si pecados dos que se tornaram seus aliados naproteção da burocracia parasita que instalaram. E por aí vai... Se formos buscar as raízes históricas de nossa elite políticaverificamos que tucanos e petistas surgiram de um descontentamento com apolítica vigente. Os petistas em torno da intelectualidade, da igreja progressista, do novo sindicalismo, etc. Os tucanos de dentro dos quadrospartidários existentes, mas inconformados com o domínio de oligarquias, coronéis, etc., que travavam o progresso nacional e faziam do Estado, damáquina pública, uma extensão de suas fazendas, suas empresas, etc. Isso é a origem, mas o crescimento implica no alargamento das portasde entrada, na perda de controle. A estratégia de poder exige a presença nacional e assim o jogo político local acaba imperando, os bandidospercebem para onde o vento toca e para lá vão, e assim vai. E hoje o PSDB,por mais respeito que se tenha com as velhas lideranças e com os novos valores, é um partido de coronéis, modernos, mais coronéis. E o PT é umpartido voltado unicamente para a manutenção de espaços de poder que têm,ancorado no sindicalismo de carteirinha e nos programas de distribuição derenda do governo. A forma em que ambos se apoiaram para governar é idêntica. Tão parecida que o líder de Lula no Congresso é o mesmo que foi de FernandoHenrique, o sempre útil senador Romero Jucá, do PMDB. Os apoios foramnegociados no balcão por Fernando Henrique e estão sendo agora por Lula.Não se discute os rumos do país, as estratégias, as mudanças estruturais, tudo é tratado no curto prazo. O dinheiro para a ponte, a estrada, orecurso que, se destinado, será desviado, e garantirá a reeleição. Se nossa análise não está certa, o que explica a importância doex-Presidente Sarney no governo Lula, importante para nomear ministros epresidentes de estatais? O que une o ex-Presidente citado a Paulo Maluf emuitos outros, hoje em seu firme apoio a Lula, tal qual o faziam com Fernando Henrique? Já se sabe que nas bases, a proximidade entre PT e PSDB é muito maiordo que se imagina, até pela origem, na luta contra a ditadura. Mas então o que os distancia tanto? Só a vaidade de Fernando Henrique ou qualquer outro pecado dos petistas não vai explicar. A resposta está na lógica perversa da política brasileira, incapaz de juntar pessoas de bem em um projeto comum. Até no mais recente escândalo, o da falta de controle das despesas pessoais de ministros e da Presidência, tucanos e petistas estão juntos.Estão até arrumando um jeito de fazer de conta que investigam, deixando delado Lula e Fernando Henrique. O fato é que, tal como Fernando Henrique se sentiu muito bem, e elesempre declara isso, passando a faixa presidencial para Lula, este também, apesar de não declarar, se sentiria muito bem passando-a a Serra ou Aécio.Isso quer dizer que fora dos holofotes, petistas e tucanos se elogiam maisdo que o necessário. Na hora da disputa é preciso criticar, para ficar debem com os correligionários... O governador Aécio Neves e o prefeito Fernando Pimentel, um do PSDB,o outro do PT, ambos reeleitos, ensaiam uma união em torno de um projetopara Belo Horizonte e para Minas. Nem de longe são vestais, mas tenho certeza de que estão no caminho certo. Não é à toa que já começam aaparecer os bombardeios, de vários pontos, com vários interesses. O certo é que nada será mais interessante nesta campanha eleitoral doque acompanhar este desfecho. Será histórico, para o bem ou para o mal.

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