segunda-feira, 31 de março de 2008

BRASIL URGENTE

Eduardo Bortolotto Filho
Brasil Potência?
Esta semana Lula lançou um desafio a seus opositores: “Farei meusucessor”. O que o Presidente disse do palanque pode ser entendido como um recado de que no mundo ainda continua valendo uma velha regra: se aeconomia vai bem, o governo tem prestígio, se vai mal, vamos parar e pensar nas outras questões. Questões políticas, morais e éticas perdem força quando se tem maisdinheiro no bolso, traduzindo-se para o português claro. Para o cidadãocomum, que vê a sociedade através de uma limitada configuração de valores, que cresceu em um ambiente em que “ter” é o que dá resultado, “ser” nãovale nada, e mais, gente que amanhecia sem saber se conseguiria comer até o final do dia, perspectivas melhores para a satisfação de suas necessidadesbásicas já lhe bastam. Assim sabendo, o governo confia na economia para lhe “segurar aspontas”. E ela não está decepcionando. Hugo Chavez, polêmico presidentevenezuelano disse que seremos uma potência econômica maior do que osEstados Unidos.De fato, o Brasil mostra números gigantes em termos dedesempenho econômico. Somos o terceiro maior país do mundo no consumo decelulares e cosméticos, o quinto em computadores e o oitavo em veículos. Só nos últimos cinco anos o consumo de alimentos industrializados cresceu 97%.Nas últimas três décadas não se via tamanha combinação de aumento doconsumo, da renda, dos investimentos, combinadas comestabilidade econômica.Sumiram até os críticos da contenção na queda dosjuros pelo Banco Central. Estão agora, muitos deles, dando razão ao BC. Curiosamente, todas as bandeiras de Lula foram por “água abaixo”, exceção feita à redução da desigualdade através da melhoria do desempenho da economia com reformas levemente estruturantes, e reforço da rede deproteção social aos miseráveis através do sistema de “bolsa família”. Asrelações políticas fedem tanto ou mais do que no passado, a estrutura depoder mudou de time, mas funciona da mesma forma. As relações entre ospoderes, se nunca foram harmônicas, o são ainda menos. Aos críticos deseus costumes políticos, viciados como os que criticavam no passado, ogoverno rebate com o tradicional: estou fazendo o que todo mundo faz. Chegamos neste ponto à crise que se abateu em Brasília esta semana,na questão dos gastos secretos, antes através de contas denominadas “B”,hoje através dos chamados “Cartões corporativos”. Tentativa de chantagear o ex-Presidente Fernando Henrique e seus seguidores, opositores do governo, foi revelada de forma bombástica pela revista Veja. Deixemos de lado a mávontade da revista, tradicional porta voz das elites do país, mas qual foia resposta do governo? Vamos apurar quem vazou as informações. Ora, asinformações só podem ter saído de quem tem acesso a elas, e esse alguémestá sentado em um gabinete do lado do gabinete presidencial. O que fez o governo?. Exatamente o que fizeram seus antecessores:barrou, com a força de sua maioria no Congresso, as investigações. Osgastos “secretos” continuarão o sendo, até que algum dia alguém, numa crise econômica, resolva mexer com isso. É certo que muita coisa pode acontecer, mas Lula confia fielmente noseu grande trunfo: a política econômica. Que não é sua, mas que ele assumiu e adaptou em muito pouco. Não será muito instrutivo ver um Presidente fazerseu sucessor em cima de um sucesso que era bandeira de seus opositores? Emais, tornar realidade o sonho dos ditadores militares que lhe colocaram naprisão? Isso é o Brasil. Campanha “On Line” O Tribunal Superior Eleitoral estabeleceu regras com relação àpropaganda eleitoral feita via Internet. Candidatos poderão utilizar-sesomente de páginas especiais para fazer propaganda, iniciando-se suapublicação em 6 de Julho e finalizando-se em 3 de Outubro. As penalidadesimpostas aos desvios são as mesmas que se aplicam a outros meios decomunicação. Mas como ficam as comunidades do “Orkut” por exemplo? O TSE não sabe dizer, nem existe resolução específica para o caso, devendo o mesmo, se apresentada alguma denúncia, ser julgado segundo a legislação em vigor e sua analogia. Considerando-se a malandragem que campeia em nosso mundo político certamente não faltarão denúncias a serem apuradas. Nos Estados Unidos o site You Tube e a internet como um todo, passoua ser importante peça no marketing político. Divulgação de apoios deartistas e cantores, filmes publicitários e até espaços em anúncios dosfamosos “sites” de busca são novas estratégias publicitárias. A arrecadaçãode fundos para as campanhas também tem funcionado através da internet. Mas o mais importante na campanha americana é a criação decomunidades de apoio aos candidatos, com amplo potencial de mobilização e de influência nos rumos da campanha. Considerando-se que o eleitor jovem, o grande usuário da Internet, jáfará grande presença na campanha eleitoral deste ano no Brasil, é certo queos candidatos darão toda a atenção a este instrumento de marketing.

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