segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

BRASIL RADAR

Por Eduardo Bortolotto Filho

Chantagem
“Se algo de pior acontecer à democracia brasileira e, particularmente, ao Senado, não perguntem por quem os sinos dobram. Nós não estamos imunes”
Senador Jeferson Peres
A chantagem pura e simples venceu a lei. O Senado deu as costas àpopulação que deveria representar e absolveu, mesmo com as evidências docrime, o senador Renan Calheiros. Renan antes havia renunciado àPresidêcia do Senado num acordo para que seu mandato fosse garantido e com ele as prerrogativas, os privilégios, a impunidade, etc., etc. Os senadores não quiseram saber de provas, aliás eles as conhecembem, antes, tomaram uma atitude que agravou o fosso que separa a populaçãodo Senado Federal. Pelo noticiário que se arrasta por longos meses fica claro que Renanos chantageou, ameaçando revelar-lhes os podres. Isso foi denunciado, assim como a utilização para tanto da estrutura do próprio Senado Federal. A Presidência da Casa investigando a serviço de seu presidente, membros do Senado. Algo inédito e que certamente trará consequências. Outro chantageado foi o governo. Renan e seu grupo ameaçaramatrapalhar a aprovação da CPMF, e tudo leva a crer que o governo cedeu.Ajudou no suicídio político do Senado. O cientista político Ruben Figueiredo, citado pelo jornalistaBaptista Chagas, divide os senadores em três tipos; O senador “MadreTeresa de Calcutá”, que é do bem, age corretamente, é a minoria. Outro tipo é o Senador “holofote”, que diz uma coisa , mas faz outra. Para comprovar sua existência basta verificar quantos discursaram contra Calheiros equantos votaram pela sua cassação. O último grupo ele chamou de “BritneySpears”, como símbolo de alguém que está se lixando para a própria imagem.Estes são os maiores responsáveis pelo descrédito,não só do Senado como da própria atividade política. Para provar que a palavra do grande senador Jeferson Peres não ébobagem basta dizer que o PT, em Congresso realizado meses atrás, propôs e aprovou por unanimidade a pura e simples extinção do Senado. Alguém vai chorar?

“Cadeia neles”
Não é de hoje, mas tem aumentado bastante, o envolvimento de nossaclasse política com a polícia. Normalmente não é gente que se poderiadenominar “político”, apesar de alguns se travestirem como tal e outros atéconseguirem um mandato. São malandros atrás de roubo fácil de dinheiropúblico, da impunidade que isso representa, dos privilégios que o mandatotraz, etc. O interesse público passa longe das suas cabeças. Seus partidosou grupos políticos mais se assemelham a quadrilhas ou bandos, com chefe“tirano” e ditador, que fica com o grosso e deixa as migalhas aos“companheiros” que lhes lambem o chão da passagem. Mantém seu poder à baseda ameaça, do insulto gratuito, do espezinhar covarde os mais fracos eoprimidos. A semana passada falamos do Presidente do Tribunal de Contas doEstado da Bahia, preso por suspeita de pertencer a uma quadrilha quedesviava recursos públicos através de licitações fraudulentas.Esta semana, a Polícia Federal agiu novamente. Em Alagoas, pobre Alagoas, foi desbaratada organização criminosa que roubou da Assembléia mais de 30milhões através de fraudes. Pertencem à quadrilha um ex-governador edeputados. Mas não ficou só aí a semana. Aqui bem perto, em Rosana, no interiorde São Paulo, a Câmara Municipal foi quase toda ela parar na cadeia,inclusive seu Presidente. Fraudes também, principalmente, em licitações. É minha gente, um dia a casa cai.

O Sofá
Quando se quer falar de alguém que, consciente de que não tem comoresponder a uma situação por não ter elementos para tanto, resolve achar um culpado para o problema, de preferência que lhe cause um alívio deconsciência, já que a verdadeira culpa ou é sua, ou de alguém que lhe écaro, conta-se a historinha do sofá, que cai como uma luva na turbulênciapolítica que vivemos: O pai chega em casa e depara-se com a filha emmomentos íntimos com o namorado no sofá da sala. Providência imediatamente a venda do sofá para solucionar o problema.É isso aí, os piores cegos são os que tem olhos perfeitos mas não queremver.

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