quinta-feira, 8 de novembro de 2007

CRÔNICAS

Depende

Clélia Fonseca de Carvalho


Dizem que quando se começa a sonhar muito com o passado, é que os dias da mocidade já ficaram lonnnnnge...
Quando, sempre que conversamos, usamos expressões como: “No meu tempo...”; “Antigamente era melhor...”, é porque já vivemos bastante e já passamos por muitas experiências.
Mas, alguém também já disse que, experiências, são como alimentos: valiosos se forem para nos nutrir. Guardados no armário para consumo posterior, apodrecem.
Estamos, quase sempre, sob o jugo do depende. “Depende se não chover; Depende se eu puder ir ou não; Depende disto ou daquilo; Depende, etc., etc.
Nossa idade, por exemplo, é muita ou pouca depende de quem pergunta ou de quem nos vê. Em criança, eu achava que minhas tias, que tinham pouco mais de quarenta anos, eram velhas. Minha avó, eu nem conseguia imaginar, em anos, o quanto representava sua idade, e ela não devia ter mais do que setenta... Hoje entendo a expressão do rosto de meus netos mais novos, quando me perguntam minha idade. Devem pensar: “puxa, como a vovó é velha! (rsrsrsrsr).
No entanto, ter 60, 70, 80 ou mais, hoje em dia é muito comum. A medicina está fazendo milagres!
Por isso disse, acima, que tudo depende do ponto de vista de quem nos vê.
. Para as crianças, somos velhíssimos;
. Para os adultos, somos idosos;
. Para os idosos, somos jovens;
. Para os velhíssimos, somos crianças. Paradoxal, não?
Quando crianças, nosso conhecimento sobre a vida, ainda são insuficientes para compreendermos a morte.
O Dia de Finados, por exemplo, era apenas um dia de se levar flores e dar um passeio num lugar diferente, observando e ouvindo as histórias tristes dos que se foram e das saudades dos que ficaram.
Aliás, falando nisso, estou achando o Dia de Finados em nossa terra, um pouco movimentado demais! Acho que o comércio, nas cercanias do Campo Santo, está extrapolando. Que se comercializem flores e velas, tudo bem, está dentro do contexto. Mas, tive até a impressão de que estava (com todo respeito aos mortos) chegando ao recinto de uma festa de peão. Caramba! Sabemos que a situação não está boa, que cada um está apelando como pode para sair da crise, mas estão passando dos limites do bom senso vendendo brinquedos, churrascos, cervejas, refrigerantes, quentinhas, etc. A continuar nesse ritmo, daqui a pouco teremos roupas, jóias, eletrodomésticos, móveis e, não estranhem, até um trio-elétrico, no portão do cemitério com empresários vendendo shows?
Você acha que estou exagerando? Pois é, isso também Depende...

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