segunda-feira, 26 de novembro de 2007

BRASIL URGENTE

Por Eduardo Bortolotto Filho
O Preço do Voto
Com o lema “voto não tem preço, tem consequência”, um grupo deentidades capitaneadas pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) se prepara para uma campanha deconscientização do eleitorado sobre a importância do voto consciente. Avenda do voto, seja a que título for, é condenável.Este movimento já acontece há alguns anos e vem no rastro daaprovação em 1999 da lei 9.840, que proíbe a compra de votos e o uso damáquina administrativa. Desde 2000, 623 políticos tiveram seus mandatoscassados por conta desta lei. As entidades pretendem criar comitês nosmunicípios para facilitar as denúncias e apoiar o serviço de apuração econdenação dos infratores.Mas o melhor que este movimento pode fazer é de esclarecimento doeleitor da importância do seu voto para que seu município possa crescer edesenvolver-se de forma harmoniosa e justa.O rouba mas faz, essa desgraça de nossa vida política, motivo maiorpelo qual nos encontramos no subdesenvolvimento político e econômico, tem que ser varrido do mapa eleitoral. A primeira regra na escolha de quem vai gerir o nosso dinheiro tem que ser a honestidade. A partir daí se começa a verificar o que pensa sobre os problemas, as soluções que pretende tomar, e por aí vai. O primeiro passo, portanto, é conscientizar a população de queo que é de todos também é nosso. Parece óbvio, mas tem muita gente com quem se conversa e fala do político ladrão como se ele roubasse odinheiro dos outros, não dele, seu defensor. Ele é cúmplice no roubo, mesmo que não fique com nada de material para si.Para nós , católicos, vem a especial palavra de Dom Dimas Barbosa,secretário-geral da CNBB : “Política, na definição mais plena, é a arte deviver na pólis (cidade), e nós, católicos, temos uma motivação a mais, alémdaquela que todo cidadão deve ter. É, justamente, porque professamos que a 'fé sem obras é morta', citando São Tiago, que a fé tem que se encarnar em atitudes concretas. A política é uma delas”.Isso tudo só se concretizará a partir do momento em que os eleitoresse conscientizarem e as autoridades cumprirem o seu papel no processo. Valerioduto MineiroFechando uma semana “morna”, onde o que houve de concreto foi oadiamento do caso “Renan Calheiros”, o procurador Geral da República deu otom: denunciou 15 pessoas por participação naquilo que se convencionouchamar de “valerioduto mineiro”.Segundo o Procurador, existem evidências de que dinheiro público foicolocado em benefício da candidatura à reeleição do hoje senador EduardoAzeredo, que acabou perdendo a eleição para Itamar Franco.As evidências que foram encontradas referem-se a patrocínios de empresaspúblicas a eventos que supostamente eram fachada para que o dinheirochegasse à campanha. Foram denunciados, além de Azeredo, o tesoureiro da campanha e o candidato a vice, Clésio Andrade, além do agora ex-ministro (pediu demissão na hora), Walfrido dos Mares Guia, à época vice-governador ecandidato a deputado federal.Ao ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, caberáconduzir as investigações e submeter, como no caso do mensalão, ao plenário do Supremo, a decisão sobre a aceitação da denúncia.Do aspecto jurídico/criminal este é o ponto. Mas e do aspectopolítico? Colocar o senador Azeredo, do PSDB, assim como aliados como o ex-vice-governador Clésio Andrade e o ex-ministro Walfrido, no banco dos réus é um trunfo para o PT. Significa dizer: “estamos no mesmo barco”.Mas será que estamos mesmo, no mesmo barco? O ex-presidente Fernando Henrique não acha. Ele declarou que as denúncias ao esquema sob comando dopublicitário Marcos Valério se dividem em duas espécies: A mineira oradenunciada, que se refere a desvios para pagamento de despesas de campanha política, e a anterior, já acatada, que se refere a pagamento deparlamentares para que votem com o governo. Interessante a tese doex-presidente, mas é o caso de se perguntar: não são ambas, formas deroubo? Não é dinheiro público que foi desviado? Com a palavra a comissão de ética do PSDB.O ex-governador Azeredo deu declaração à imprensa com seu costumeiro jeito humilde: não sabia de nada, tudo foi feito por gente da campanha aque ele não tinha acesso. Tal como Lula o fez. Vamos lembrar ao nosso caro ex-governador os ditados que sempre repetimos: “quem se junta aos porcos, sai enlameado”, “diga-me com quem andas que dirte-ei quem és”, etc. Estamos portanto empatados. Quem fará o desempate?

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