segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

ESPAÇO ABERTO

VÃO-SE OS ANÉIS, FICAM OS DEDOS

Pe. Vanildo de Paiva



Como era de se esperar, Renan Calheiros conseguiu a sua segunda absolvição. Sabíamos disso desde o começo, ainda que nosso coração brasileiro não se canse nunca de torcer pela ética e pela justiça! À revelia da imagem do senado, interesses pessoais prevaleceram, num acordo marcado, sobretudo, pelo medo. Mais uma vez se cumpriu o antigo ditado: “Quem tem telhado de vinho, não jogue pedra no telhado do vizinho”.
De fato, dos mais de oitenta senadores, um número significativo deles tem pendências políticas sérias a resolver junto à justiça, e outros tantos têm um passado obscuro e ameaçador, que lhes impulsiona, necessariamente, a evitar todo e qualquer situação que cheire a “lavar roupa suja”. Com o “rabo preso”, como comumente se diz, a alternativa é negociar sua falsa honestidade, votando a favor dos mais fortes ou do mais rentável, material e politicamente.
Como bem disse um comentarista político, Renan renunciou ao posto de presidente do senado em troca da sua absolvição, deixando ir um anel que já não valia mais nada, em troca dos dedos. E com a maior cara de pau, tão própria a corruptos inveterados, disse renunciar “sem mágoas e de cabeça erguida”. É realmente, de causar indignação.
Outras situações, não menos asquerosas, lá e cá entre nós, não deixam calar a pergunta: até quando nós, o povo, seremos afrontados dessa maneira?
Parece-me que simplesmente acreditar naqueles que escolhemos e esperar deles providências éticas já está se tornando balela. Os poucos sensatos e justos estão sendo sufocados e calados por aqueles que ganham no grito e no abuso do poder! É preciso mais.
Três alternativas podem apontar para as mudanças que tanto queremos. A primeira delas é cobrar dos nossos representantes ações coerentes com seu papel. Ver tudo acontecer e cruzar os braços gera e alimenta a corrupção!
Outra providência importante é “montar um novo time”, no qual os que já deram provas de que são inaptos para a função sejam obrigados a deixar a cadeira pra quem sabe, pode e quer ajudar o povo.
Uma terceira e não menos importante obrigação do cidadão é votar com liberdade e consciência, procurando conhecer bem a história de vida dos candidatos, antes de ir ao embalo do seu papo.
Fazendo assim, as chances de que os “Renans” desocupem as cadeiras é bem maior, para que nelas se assentem homens e mulheres eticamente comprometidos com o bem comum e não com seus próprios dedos (e anéis!).

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